quarta-feira, 19 de março de 2008

Dia do Pai

" Agora sento-me no teu lugar de condutor. Lembro o que me ensinaste, o que aprendi. (...) Na aragem, iamos devagar. Depois, se fazia alguma coisa mal, dizias que eu era um cabeça no ar e fingias que ralhavas; eu ouvia calado, orgulhoso por me achares capaz, distraído mas capaz. (...)Os teus gestos, a forma das tuas mãos a segurar o volante; a forma das minhas mãos, o volante, os meus gestos. (...) Pai que te esforçavas a sair da cama, que aguentavas dores para estares minutos connosco (...) Faltas tu a levar o tempo. Falta o teu olhar a guiar-nos se a chuva nos puxa. Pai (...) "

José Luís Peixoto, "Morreste-me", 2000

1 comentário:

CCF disse...

Belo :) Gosto muito dele!
~CC~